Opioides, um alerta que cresce no Brasil

Nos últimos anos, o Brasil tem visto crescer o uso de um tipo de remédio forte para dor: os opioides. Eles são usados em casos sérios, como cirurgias, câncer ou dores crônicas. Mas o problema é que cada vez mais pessoas estão usando esses remédios por conta própria — muitas vezes sem receita médica.

Esses medicamentos, como a codeína, o tramadol, a morfina e o fentanil, agem no cérebro para diminuir a dor e dar uma sensação de alívio e até prazer. Só que eles também são perigosos: causam dependência com facilidade e, se usados sem controle, podem levar até à morte.

Uma pesquisa nacional mostrou que o número de brasileiros que usam opioides quase multiplicou por dez em 10 anos: era 0,8% da população em 2012 e passou para 7,6% em 2023. O aumento foi ainda maior entre as mulheres. Isso preocupa muito os médicos e profissionais da saúde.

Acesso facilitado

O motivo desse crescimento tem várias causas. Primeiro, esses remédios estão mais fáceis de encontrar, até no mercado informal. No Brasil, remédios fortes como os opioides só podem ser vendidos com receita especial e assinada por um médico habilitado. Essa receita tem validade curta e a farmácia precisa registrar a venda. Alguns medicamentos, como o fentanil, só são usados dentro de hospitais. Mas, apesar dessas regras, muita gente consegue acesso sem prescrição. Isso acontece por causa de falhas no controle, como vendas irregulares em farmácias, compras pela internet em sites clandestinos, uso de receitas falsificadas ou prescrições mal acompanhadas.

Além disso, muita gente usa opioides para aliviar dores do dia a dia, sem orientação médica. E há quem recorra a eles também para tentar amenizar ansiedade, insônia ou problemas emocionais — o que é muito arriscado.

Risco de dependência

O grande perigo dos opioides é que o corpo se acostuma com eles rapidamente. A pessoa precisa de doses cada vez maiores para sentir o mesmo efeito. Isso aumenta o risco de dependência, de crises de abstinência e de overdose — situação que pode ser fatal. É o que aconteceu nos Estados Unidos, onde milhares de pessoas morreram por causa do fentanil, um opioide superpotente.

Aqui no Brasil, a situação ainda não chegou a esse ponto, mas os sinais de alerta já estão claros. O uso de opioides já ultrapassou o de crack, segundo a Fiocruz. E o fentanil, mesmo sendo restrito a hospitais, já preocupa pelo risco de venda ilegal.

Por isso, especialistas pedem mais controle na venda e na receita desses remédios, além de mais informação para que as pessoas saibam dos riscos. Também é importante ter outras formas de tratar a dor, sem usar medicamentos tão perigosos.

Proteja-se

E para se proteger, o mais seguro é nunca tomar remédios sem orientação médica, evitar compras suspeitas na internet e conversar com um profissional de saúde sobre outras formas de tratar a dor.