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Conhecimento e ações 

Pilar 10 - Como manter a sobriedade no dia a dia

A dependência química é uma doença crônica — e, como toda doença crônica, exige cuidados contínuos.

 

A recaída faz parte do risco, especialmente nos primeiros meses após o tratamento.
Por isso, a presença ativa da rede de apoio é decisiva para fortalecer a sobriedade e evitar retrocessos.

A sobriedade começa todo dia

Não basta “estar limpo”.
É preciso construir, diariamente, uma rotina que proteja a recuperação — física, emocional, social e espiritual.
A presença de quem apoia com equilíbrio pode ser o diferencial entre manter-se firme ou cair novamente.

Como prevenir recaídas

Sinais de alerta e estratégias de proteção

A recaída não acontece de repente. Ela é construída aos poucos, em silêncio.
Começa muito antes do uso: no desânimo, na raiva, na desconexão com o grupo, na volta de hábitos antigos.
Por isso, prevenir recaídas é parte essencial da recuperação.

A boa notícia é: a recaída pode ser evitada — se os sinais forem reconhecidos a tempo e se houver estratégias ativas de proteção.

A recaída tem etapas

1. Recaída emocional

A pessoa não usa a droga, mas começa a se afastar dos cuidados:

  • Irritabilidade

  • Tristeza ou apatia

  • Sono desregulado

  • Descumprimento de rotinas

  • Isolamento social

  • Parada dos grupos ou da terapia

2. Recaída mental
O desejo retorna. A droga volta a ocupar pensamentos, fantasias ou lembranças.

  • "Só uma vez..."

  • "Eu já estou bem, posso controlar."

  • "Não foi tão ruim assim."

3. Recaída comportamental (uso)
É o retorno efetivo ao uso da substância, muitas vezes escondido ou negado.

Quanto antes se percebe o desvio, mais fácil é intervir.

Sinais de alerta

  • Mudança brusca de humor ou comportamento

  • Crises emocionais ou conflitos constantes

  • Falta de compromisso com grupos ou tratamento

  • Mentiras, omissões, desculpas frequentes

  • Reaproximação de pessoas ou ambientes de risco

  • Desorganização da rotina

  • Negação do risco: “Não vai acontecer de novo”

Estratégias para prevenir recaídas

1. Monitoramento diário da própria condição

“Como estou hoje? O que me desequilibrou?”
“O que estou evitando sentir?”
Ter consciência de si é a primeira barreira contra o uso.

2. Participação constante em grupos de apoio
Eles mantêm o vínculo com a recuperação viva e presente.

3. Manutenção da rede de apoio afetiva
Estar em contato com pessoas confiáveis, que saibam ouvir e também alertar com firmeza.

Convivência com pessoas saudáveis. É essencial filtrar vínculos: manter distância de quem usa, manipula ou desestabiliza.

4. Rotina equilibrada
Sono, alimentação, trabalho, lazer e espiritualidade.
Tudo isso ajuda a sustentar o bem-estar e afastar gatilhos.

- Atividades físicas e criativas
O corpo e a mente precisam ser estimulados de forma saudável.
Caminhadas, dança, esporte, arte, culinária, jardinagem — tudo o que gera prazer sem risco.

- Convivência com pessoas saudáveis
É essencial filtrar vínculos: manter distância de quem usa, manipula ou desestabiliza.

- Acompanhamento profissional contínuo
Psicoterapia, psiquiatria, atendimento médico. A recaída emocional começa antes da recaída química.

 

5. Plano de emergência para momentos de crise
Saber a quem recorrer, que grupo frequentar, que número ligar, que prática adotar (oração, caminhada, escrita, respiração).

Identifique gatilhos que levam á recaída

Gatilhos são situações, emoções ou pessoas que aumentam o desejo de usar.

Eles podem ser:

  • Emoções negativas (ansiedade, tristeza, raiva, solidão)

  • Emoções positivas (excesso de confiança, euforia, festas)

  • Ambientes ou objetos relacionados ao uso

  • Pessoas com quem se usava drogas

  • Situações de estesse, perdas ou frustrações

Reconhecê-los com clareza ajuda a evitá-los ou enfrentá-los com maturidade.

Como a família pode ajudar, na prática?

  • Mostre interesse real pela rotina do dependente, sem invadir

“Como foi seu grupo hoje?”,
“Precisa de companhia para aquela consulta?”

  • Dê suporte, mas não faça tudo por ele
    Incentive a autonomia: que ele marque seus compromissos, cuide da própria agenda e responsabilidade.

  • Evite superproteção ou controle excessivo
    Confiar também é uma forma de tratamento.

  • Esteja atento a sinais de risco
    Irritabilidade, insônia, isolamento, descuido com higiene ou rotina são sinais de alerta.

E se houver recaída?

  • Não esconda. Não negue. Não fuja.

  • Encare o que aconteceu com coragem e humildade.

  • Retome o tratamento o quanto antes.

  • Reforce o que estava funcionando.

  • Reflita sobre o que deixou de ser feito.

A recaída não é o fim. É um sinal.


Sinal de que algo saiu do eixo, e precisa ser ajustado.
Nesse momento:

  • Evite julgamentos: “Você estragou tudo!”

  • Reforce o apoio: “Vamos entender o que aconteceu e recomeçar.”

  • Procure ajuda: retomar grupos, rever o plano terapêutico, buscar orientação especializada.

  • Reforce a ideia de que voltar para o tratamento é um gesto de força, não de fraqueza.

A recaída não anula o que já foi conquistado.
Ela pode, sim, ser um ponto de reinício mais consciente.

Sobriedade não é um milagre. É uma construção diária — feita em rede, com amor e limites.

A recaída pode acontecer, mas a recuperação também.
Todos os dias são uma nova chance.

Lapso x Recaída:

  • Lapso: uso isolado, com arrependimento imediato

  • Recaída: retorno contínuo ao padrão de uso

Em ambos os casos, é essencial retomar o tratamento, conversar com um profissional, reativar a rede de apoio.

 

Prevenir recaídas é proteger o que foi construído com tanto esforço.

Cada dia limpo é uma vitória.
Mas nenhuma vitória se sustenta sozinha.
É na vigilância, na escuta e na rede de apoio que a sobriedade se fortalece.

O que não ajuda?

  • Relembrar o passado com culpa ou ironia

  • Vigiar com desconfiança constante

  • Permitir comportamentos destrutivos em nome da recuperação

  • Negar o problema ou minimizar riscos

  • Abandonar o dependente emocionalmente quando ele tropeça

>> 1 – Entenda a doença

>> 2 – Evolução da Doença

>> 3 – Por que as pessoas entram nas drogas

>> 4 – Por que é tão difícil sair das drogas? 

>> 5 – Como abordar o dependente

>> 6 – Como lidar com a negação

>> 7 – Como conquistar a confiança do dependente

>> 8 – Como convencê-lo ao tratamento

>> 9 – A necessidade de mudar de vida

>> 10 – Como manter a sobriedade no dia a dia

>> 11 – O perigo da codependência

>> 12 – O papel da espiritualidade e do propósito na recuperação

>> 13 – Como reconstruir os vínculos familiares

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