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Fuga da dor

  • rpitoscia
  • 31 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 31 de ago.


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Cássio trancou a dor a sete chaves. Vive o hoje, e constrói o amanhã.

 

Ele viveu nas drogas por mais de 12 anos. Agora, em novo momento, ele renova paredes, assim como a própria vida. Trabalha com pintura e pequenos serviços de pedreiro, e procura reconstruir sua história. A mudança é visível e as pessoas no bairro custam a acreditar na transformação. "Antes me chamavam de homem-folha, porque qualquer vento me levava. Cheguei a pesar 35 quilos usando crack. Saí da Casa do Senhor Jesus com 98", conta. Agora, sente orgulho de recusar serviços por excesso de demanda. O que antes parecia parado no tempo, voltou a todo vapor.

 

Ele passou por tratamento cerca de seis meses na Casa do Senhor Jesus e saiu há pouco mais de dois meses. Foi ali que encontrou acolhimento, fé e oportunidade de olhar para dentro. "Tive meu momento, refleti, e fui apagando as coisas ruins, que me aconteceram." Ele sentiu confiança de quem o acompanhava, aprendeu a valorizar o silêncio, as orações e os ensinamentos. "É um lugar onde você se entrega. Tenho gratidão profunda por todos que me acolheram."


Ele começou a usar drogas aos 40 anos, depois do fim de um relacionamento. A dor da separação e de feridas antigas era constante. “Fui para as drogas como fuga. Maconha, cocaína, crack... o crack me fazia render mais no trabalho, parecia um energético, mas eu sabia que era ilusão." A ilusão, ele diz, aprisiona e desliga da realidade. "Você vira outro ser, só vive naquele mundo."

 

O apoio da família também foi fundamental na recuperação. “Meu pai, minha mãe, minha irmã, todos estavam rezando por mim e eu rezando por eles”. Para ele a oração exerce uma força muito grande na recuperação. Cássio não tem dúvidas sobre a importância de retomar o controle da própria vida. "Hoje não fumo nem cigarro. Não tenho vontade nenhuma. O foco é esse, mas tenho a consciência de que qualquer deslize pode ser mortal."

 

Ele frequenta a igreja, participa de grupo de oração, vai à missa e busca ajudar os outros. “Tenho abençoado pessoas até no trem. Tenho fotos do antes e depois. Quando mostro, as pessoas se impressionam”. Seu trabalho como pintor tem igualmente um papel fundamental nessa nova etapa. “Estar fazendo aquilo que a gente mais gosta traz sobriedade. Me afasta de coisas mundanas, de amigos que só querem o teu mal, não querem te dar a mão”.

 

Seus planos são o de reconquistar tudo o que perdeu para as drogas. Em pouco tempo, já conseguiu comprar novamente suas ferramentas de pintura e de pedreiro. "Tudo que perdi, vou lutar para reconquistar. Porque não podemos parar de lutar." Ao mesmo tempo faz questão de dizer que a melhor reconquista é a da família. “Essa é fundamental. Muitos não terão mais esse apoio da família. Eu tenho, eu amo demais minha mãezinha e ela tem muito orgulho de mim. Essa força não tem preço”.

 

Para ele, ser vitorioso é ter paz interior, estar em sobriedade, fazer o que ama, e ser dono da própria vida.

 

“Se você não admitir que precisa de ajuda, sozinho não vai conseguir.”

 
 
 

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